segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cuidado, ela é virginiana!


Cuidado, ela é virginiana!

Ela é do tipo que impera
Governa o mundo
Mas não se lidera
Seu espírito é profundo
Ela não se libera

Em meio às águas
O seu elemento é terra
Ela faz dos seus olhos
Duas enormes esferas
Onde ela enxerga longe
E ainda se sente cega

Ela que gosta de tudo na mais perfeita ordem
Se desespera ao ver que por dentro está um caos
Ela já está pensando no amanhã enquanto todos dormem
Ela sonha com príncipes
Mas só sai com os lobos maus

Cuidado, ela é virginiana!
Ela pode te confundir
Ela pode surpreender na cama
Ela quer te seduzir
Tanta organização
Pode não dar em nada
E ela se faz de santa
Mas por dentro sabe que é uma das deusas mais profanas
Cuidado, ela é virginiana!
Ela pode te engolir
Apesar da imagem puritana
Com um simples olhar
Ela pode te destruir
Ela engana
Ela é a perfeita virginiana

Tão sensível mulher
A lua em câncer não a deixa ver
Que chorar não vai fazer o tempo retroceder
É tanta cobrança
É tanta inconstância
É mais fácil surtar
Do que seguir em frente e continuar
O drama rege essa mulher
Mas nada a impede de ficar sempre de pé

Com seu olhar dissimulado
Suas intenções ficam camufladas
Com seu jeito fechado
Todas as suas ações passam disfarçadas
Mas a sua consciência a pega no flagra no ato
E é sempre em seu quarto
Que ela devaneia
Que queria estar atirada nos braços
De quem a encantasse
E de tão exigente
Acaba se conformando com os encartes
E esquece sempre de avaliar o produto

Cuidado, ela é virginiana!
Ela pode te confundir
Ela pode surpreender na cama
Ela quer te seduzir
Tanta organização
Pode não dar em nada
E ela se faz de santa
Mas por dentro sabe que é uma das deusas mais profanas
Cuidado, ela é virginiana!
Ela pode te engolir
Apesar da imagem puritana
Com um simples olhar
Ela pode te destruir
Ela engana
Ela é a perfeita virginiana

domingo, 6 de maio de 2012

Eu sou metade de você


Eu sou metade de você

Quando não mais queria acreditar
Quando não mais pensava em me doar
Quando pensava que o amor não mais pudesse me tocar
E quando não mais pensava que um sorriso pudesse me encantar

Eis que veio você
Sorrindo com os olhos
Me pegou pela mão
Me levou contigo
Fez do teu colo um lar
O meu melhor abrigo
E ali, fico protegida dos perigos
Estando com você
Eu fico mais comigo

Quando o mundo não pareceria ter alguém que merecesse ter meu coração
Quando na minha vida não parecia haver mais ninguém que merecesse uma canção
Quando eu não acreditava mais que alguém pudesse me fazer tirar os pés do chão
Quando o mais certo era dizer para quem aparecesse na minha vida: não

Eis que veio você
E tudo de repente fez sentido
Não foi uma questão de se encontrar
E sim de se reconhecer
Fui apresentada ao seu paraíso
E os anjos logo vieram me receber
Pois quando estou contigo
Eu também sou metade de você

E quando não mais via graça nas estrelas
Seu brilho veio forte
Clareando meus olhos
Iluminando as minhas estradas
Não é uma questão de confundir amor com sorte
Mas hoje posso dizer que me sinto abençoada
A lua me deu o seu amor de presente
E quando olho pra ela
E lá no céu que eu te vejo sempre

segunda-feira, 19 de março de 2012

Nuvens

Nuvens

Hoje amanheci nublada
Não sei se vou chover
É uma vontade incerta
É uma vontade errada
Que me remete a medos
Que eu preferia não ter

Prefiro tirar de mim os sonhos
A me entregar a zombaria
Dos que sabiam do meu triste fim
Eu me faço sobrevivente sob os escombros
Já aprendi a viver só pra mim

Talvez me sinta mais cansada
Mas hoje eu preferi me entocar
Meu despertar começa pela madrugada
Não sei ainda se queria não te conhecer

Nem toda a certeza dos livros
A sabedoria dos filósofos
Os professores que ensinam os seus pupilos
Os médicos e os loucos
Me fariam sentir a pureza
Nos meus sentimentos mais juvenis
Eu sei que já fui criança
Mas dentro de mim não cresci
Dizer adeus é algo que ainda não aprendi

Vivo lamuriando a ausência de quem não pode estar aqui
De quem não quer estar aqui
Tipo você
Que hoje vive fora
Mas vive dento de mim
Tamanha infâmia você plantou aqui
E agora quer se despedir
E nem sequer sabe como sair

Mas se um dia você aprender a falar
Eu vou te ensinar a sentir
Se você aprender a sentir
Eu vou te ensinar a falar
A gente sempre pode escolher
Aquilo que vai transmitir

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Livre-arbítrio

Livre-arbítrio
Michelle Valle 

Aquilo que foi plantando em mim
A partir de seu olhar
Veio a fenecer hoje
Quando o sol começou a brilhar
Pela luz que lhe queimou toda a carne

E o que sobrou de mim
Foram alguns versos confusos
Palavras difusas
Frases que você não iria querer saber

Em meio ao desencontro do mundo
A contemplação da discórdia
O desatino das bombas que explodem
Começo a ver por um instante
Aquilo que dormiu sempre comigo no escuro

No meio de tantas coisas
Apenas um detalhe foi poupado
Deixei todas as vontades caladas
Enxuguei meus olhos
E permaneci no meu destino

Então se apegue ao que lhe der mais paz de espírito
Aquilo que lhe alimentar plenamente
Se jogue, mas use sabiamente o livre-arbítrio.
Não se sabe quem poderá vir para te julgar
Despeça-se dos castigos
Faça uma canção que fale de liberdade e dos seus amigos
Eu irei lhe escutar

Aos poucos os temores vão passando
Os dias vão clareando
Os sangramentos seguem se estancando
E as lágrimas, bom, essas aos poucos vão secando
E você vai ver que tudo não passou de uma fase...
Portanto, não viva na inércia esperando seu futuro,
Viva o presente e trabalhe
Pois o futuro, bom, esse poderá chegar muito tarde...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Apenas mais uma história de amor

Apenas mais uma história de amor
Michelle Valle 

Eis um italianão bem resolvido
Moço em espírito
Mas bem vivido
Pleno de sabedoria

Encontra numa menina
A fonte da juventude
As respostas para suas perguntas
E a lua para iluminar a sua noite
Ele se perde nela
E ela se entrega para ele

Dois dias depois
Nada é mais como foi um dia
Os olhos brilham juntos
Quando os dois se olham
Eles vivem no mesmo mundo
E neste
Não habita mais ninguém

Ela apenas quer repousar sobre o corpo dele
Ele apenas quer assisti-la dormir
Ela quer apenas poder olhar sempre para ele
Ele quer prendê-la para sempre ali

E pode ser que o tempo passe
Que o amor esfrie
Que o relacionamento desgaste
Que nada mais se explique

Mas eles sempre serão...
É apenas mais uma história de amor
Dessas que dão certo
Só por terem começado
Independentemente de haver prazo de validade ou não
Só não é perecível o coração

Ela apenas quer repousar sobre o corpo dele
Ele apenas quer assisti-la dormir
Ela quer apenas poder olhar sempre para ele
Ele quer prendê-la para sempre ali


Páginas

Páginas
Michelle Valle

Então,
O mais valioso para mim agora
Seria abrir mão do tesouro
E deixa-lo ir embora
Não vejo mais riqueza no ouro
Não vejo mais tristeza no seu corpo
É apenas mais uma veia que me alimenta

Qualquer coisa que me desatinasse
Seria melhor
Mas sinceramente
Eu não me importo mais
Não quero mais um sentimento que me humilhe
Que me traga e me leve
Que me instigue
E depois me quebre
Eu realmente não preciso disso

Entre outras coisas
Há uma extensa lista
De razões
De rupturas
Desconexões
E fraquezas
Que eu queria te mostrar
Mas agora já não adianta
Eu já coloquei o dedo na garganta
Coloquei pra fora
Tudo aquilo que morava dentro de mim
Agora você não me faz mais mal
Talvez eu aprenda a ser livre
E também a ser menos passional



domingo, 22 de janeiro de 2012

Salgueiro-chorão

Salgueiro-chorão 
Michelle Valle

Hoje é o dia da loucura
Para alguém que tem a alma
Tão suave como eu
Eu que sou tão pura
Estou mergulhando
Naquilo que o mundo me deu

Isso me invade
Me cobre
Ficará em mim até mais tarde
Mas nem a morte me comove

As teias de aranha do teto
Dão nó na minha garganta
Então porque esse nó
Não arranca
Meu espírito por ali?

Vejo minha placidez sumir
Meu ouvido começa a zumbir
Então me pergunto e daí?
Nem a maior das confissões
Irá me redimir

Eu sou a boca do sarampo
Eu sou a moléstia que mora no canto
De uma casa suja do subúrbio
Querendo mascarar o meu distúrbio

Essa disfunção causada por excesso de mimo
Por ter corpo de sapo e me portar como um girino
E assim eu chego ao meu ponto ínfimo
E encontro meu amigo íntimo

Meu ego riscado
Ulcerado
Mal apreciado
Pobre coitado

Sou o rabo entre as pernas do gigante
Querendo chegar na frente
Mas com medo de ir adiante
Com fobia de gente

Mas toda loucura expelida
Termina com a caretice da vida
No dia-a-dia pobre
De quem quer bancar a nobre