Salgueiro-chorão  
Michelle Valle
Hoje é o dia da loucura
Para alguém que tem a alma
Tão suave como eu
Eu que sou tão pura
Estou mergulhando
Naquilo que o mundo me deu
Isso me invade
Me cobre
Ficará em mim até mais tarde
Mas nem a morte me comove
As teias de aranha do teto
Dão nó na minha garganta
Então porque esse nó
Não arranca 
Meu espírito por ali?
Vejo minha placidez sumir
Meu ouvido começa a zumbir
Então me pergunto e daí?
Nem a maior das confissões
Irá me redimir
Eu sou a boca do sarampo
Eu sou a moléstia que mora no canto
De uma casa suja do subúrbio
Querendo mascarar o meu distúrbio
Essa disfunção causada por excesso de mimo
Por ter corpo de sapo e me portar como um girino
E assim eu chego ao meu ponto ínfimo
E encontro meu amigo íntimo
Meu ego riscado
Ulcerado
Mal apreciado
Pobre coitado
Sou o rabo entre as pernas do gigante
Querendo chegar na frente 
Mas com medo de ir adiante
Com fobia de gente
Mas toda loucura expelida
Termina com a caretice da vida
No dia-a-dia pobre
De quem quer bancar a nobre 
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