quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Elefante Branco

Elefante branco
Michelle Valle

Eu moro na rua dos pudores
Na avenida da hipocrisia bruta
Camuflada por flores
Que escondem as putas

Eu moro na esquina das dores
No bairro da cólera
Mascarada pelos amores
Aonde a miséria faz cócegas

Eu moro no beco das angústias
No marasmo de um câncer
Onde acontecem as permutas
Dos vendedores dos derivados do pó mágico dos Andes

Eu moro na cidade da pobreza
No quarteirão do desassossego
Lado a lado ao da tristeza
A maior vizinha do medo

Eu moro na vila do cansaço
Do impiedoso tédio
Aonde eu aperto mais meu laço
Quando falta meu remédio

Eu moro no lugar mais perigoso do mundo
Moro dentro de mim
No meu ego imundo
Que me faz ficar aqui

Vomitando essas verdades
Em pleno dia de sábado
Levando as idéias até mais tarde
Sem nenhum eufemismo prático

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